As taxas de cegueira e de baixa visual apresentam um crescimento significativo com o aumento da idade. Para se ter uma idéia, os problemas visuais em pessoas com idade superior a 80 anos são de 15 a 30 vezes mais comuns do que entre pessoas de 40 a 50 anos. O que ocorre é que as estruturas oculares sofrem, de uma forma acumulativa, os inúmeros danos metabólicos e ambientais, ao longo dos anos. Com isso, as formas mais comuns de patologias oculares acabam se tornando mais freqüentes e mais debilitantes nos idosos. A catarata, por exemplo, ainda é a principal causa de deficiência visual relacionada ao envelhecimento, seguida pela degeneração macular. Isso é o que mostra Flávio Antônio Romani, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul em um estudo realizado com 200 idosos moradores da cidade de Veranópolis (RS).
Segundo a equipe, em artigo publicado na edição de setembro/outubro de 2005 dos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, com o avançar da idade, tornam-se comuns também, além da presbiopia, a diminuição da sensibilidade aos contrastes, a diminuição da adaptação claro-escuro, a demora da recuperação aos ofuscamentos e a diminuição da sensibilidade às cores”. No estudo, os idosos foram submetidos a inúmeros exames oftalmológicos.
Os pesquisadores constataram que as patologias mais prevalentes encontradas entre os idosos de 80 ou mais anos de idade, da cidade de Veranópolis, são a presbiopia, a catarata, o ectrópio senil e a hipermetropia, todas elas passíveis de correção, seja através de lentes corretoras ou de cirurgia ocular. “Quando analisamos as causas de deficiências visuais na população por nós estudadas, vemos que a catarata é a mais prevalente em todos os níveis de baixa visual, sinalizando, mais uma vez, a inadequada assistência oftalmológica da população estudada, o que fica mais evidenciado, se atentarmos que, juntando-se a catarata e os erros de refração, 62 (72,9%) dos 85 indivíduos com baixa de visão significativa poderiam ter um real benefício através de lentes corretoras e/ou de cirurgia”, afirmam no artigo.
Outro dado importante encontrado pelos especialistas foi o fato de que 38,0% dos idosos nunca haviam sido examinados por um oftalmologista. Dessa forma, eles alertam para a necessidade de a população idosa receber uma atenção especial, envolvendo médicos generalistas, oftalmologistas, autoridades da área de saúde, de programas de educação, de informação e de assistência médica adequada. “Embora exista, no Brasil, a preocupação dos oftalmologistas com a saúde ocular da população em geral, a realidade das condições visuais da população brasileira, sobretudo a dos idosos, está distante das condições ideais e muito terá ainda que ser feito, para se atingir o estágio ideal de assistência médica”, afirmam no artigo.
Fonte: Agencia Notisa